Acre vai à COP30 para defender inovação climática, preservação e soluções para eventos extremos
10/11/2025
(Foto: Reprodução) Serão discutidas ainda, soluções para as queimadas e a atenção à vivência dos povos indígenas
A delegação oficial do Acre vai à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) para defender bandeiras como direitos dos povos originários e soluções climáticas efetivas e inovadoras para mitigar os extremos do clima enfrentados na região, como secas e enchentes.
Conforme o governo, também serão discutidas soluções para as queimadas e a atenção à vivência dos povos indígenas que sofrem com os desmatamentos e as derrubadas no Acre.
📲 Participe do canal do g1 AC no WhatsApp
O estado mediará painéis temáticos sobre prevenção da mortalidade florestal, riscos de fogo e as secas severas, como as que assolaram a região na estiagem desse ano, quando todos os 22 municípios do estado estiveram em situação de emergência devido à seca dos rios.
A composição da comitiva não foi divulgada pelo governo. Contudo, a programação prevê os seguintes painéis com organização de representantes do estado:
Povos indígenas do Acre: territórios vivos, soluções climáticas reais;
O Acre no caminho certo – as experiências de soluções climáticas inovadoras no Acre, Brasil;
Governança e monitoramento integrado no Estado do Acre;
Governança verde: modelo acreano de resiliência climática;
PPCDQ Acre: um modelo de sucesso subnacional para a conservação da Amazônia e o cumprimento das metas climáticas globais; e
Repartição de benefícios em programas jurisdicionais de REDD+ – experiência do Acre, Brasil.
Boa parte destas pautas já foram tema da participação acreana em edições anteriores da COP
Foto: Agência Pará
Panorama
Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade, no interior do Acre
Arquivo/SOS Amazônia
Boa parte destas pautas já foram tema da participação acreana em edições anteriores da COP. É o caso do programa REDD Early Movers (REM), iniciativa de cooperação entre Alemanha, Reino Unido e Brasil, que promove conservação ambiental por meio do apoio a produtores rurais, ribeirinhos e indígenas.
Às vésperas do início da conferência, o executivo teve uma vitória com a aprovação do chamado Orçamento Climático, projeto de lei que institui o mecanismo de identificação e organização de ações orçamentárias destinadas ao meio ambiente. Aprovado pelos deputados estaduais, o projeto seguirá para sanção do governador Gladson Camelí (PP).
LEIA MAIS:
Ar de Rio Branco fica quase 30 vezes mais poluído que o tolerável pela OMS e médicos alertam para risco de infarto e doenças respiratórias
Carta de Belém: professores do AC defendem inclusão de povos tradicionais na gestão ambiental
Acre decreta emergência por conta da seca dos rios e falta de chuvas
De acordo com Camelí, a participação na COP vai reforçar as estratégias que têm sido implementadas há décadas.
"Tem um simbolismo muito forte. É onde o mundo vai olhar de perto o que está em jogo quando falamos sobre mudanças climáticas. O Acre chega a esse encontro com uma trajetória reconhecida de mais de duas décadas de políticas públicas voltadas à sustentabilidade, conservação ambiental e valorização dos povos da floresta”, avaliou.
Transporte público: o que falta para os ônibus elétricos serem maioria no Brasil?
Crise ambiental
Fotos da COP em Belém
AFP; Reuters; AP
Em agosto desse ano, o governo federal reconheceu a situação de emergência nas cidades do Acre por causa da seca nos rios que cortam o estado. A publicação foi feita no Diário Oficial da União (DOU), por meio da Portaria nº 2.521.
À época, o regime de chuvas no estado, durante o 1º semestre de 2025 foi inferior ao esperado, o que contribuiu para o cenário de seca dos mananciais. Ainda no mês de agosto, o Rio Acre, por exemplo, ficou a apenas 26 centímetros da menor cota da história, 1,23 metro em agosto de 2024. (Confira abaixo as menores cotas já registradas na capital)
1,30 metro - 17 de setembro de 2016
1,29 metro - 11 de setembro de 2022
1,27 metro - 28 de setembro de 2022
1,26 metro - 29 de setembro de 2022
1,25 metro - 2 de outubro de 2022
1,25 metro - 20 de setembro de 2024
1,31 metro - 11 de agosto de 2025
Qualidade do ar crítica
Em 2024, as plataformas de monitoramento de qualidade do ar revelaram um cenário preocupante para a capital acreana Rio Branco. O índice de poluição chegou a ficar “muito insalubre” segundo a plataforma IQ Air, figurando várias vezes como a cidade mais poluída do país.
Naquele ano, o estado ficou encoberto por uma densa camada de fumaça causada pelas queimadas que têm ocorrido não apenas no Acre, mas também nos estados vizinhos, Amazonas e Rondônia, e nos países vizinhos
Em 2025, o monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontou uma redução acentuada da atividade de fogo neste ano na capital acreana.
Desmatamento
O desmatamento, uma das maiores ameaças à floresta Amazônica, segue como uma das questões a serem enfrentadas no estado. Outro levantamento do Inpe revelou que 18,8 mil quilômetros quadrados (km²) de floresta foram derrubados no Acre em 2024.
Contudo, a média anual de km² de floresta destruída chegou ao menor índice em oito anos, com 325km² entre agosto do ano passado e julho deste ano, uma redução de 27,6% em relação ao período anterior.
Reveja os telejornais do Acre