Conheça projeto de falcoaria em Ribeirão Preto, SP, que ajuda aves a se recuperarem para voar
09/11/2025
(Foto: Reprodução) Projeto de falcoaria em Ribeirão Preto ajuda aves a recuperar força e equilíbrio
Um projeto de falcoaria do Bosque e Zoológico Fábio Barreto, em Ribeirão Preto (SP), tem ajudado aves a recuperarem força e equilíbrio para voltarem a voar. As espécies que participam da atividade foram resgatadas e passaram pelo Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) Morro do São Bento.
Por não poderem ser reintegradas imediatamente à natureza, elas encontram na falcoaria uma espécie de fisioterapia.
“Os animais que foram reabilitados na parte clínica, nutricional, comportamental do Cetras vêm para a equipe do zoológico para passar por um procedimento como se fosse uma fisioterapia. Nessa, em específico, a gente consegue mostrar esse trabalho para as pessoas”, explica o médico veterinário Pedro Favaretto.
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Entre os “alunos” estão Atenas, uma coruja orelhuda que ainda não aprendeu a voar. Tem o Zeus, um gavião-de-rabo-curto que se recupera de uma fratura na asa. Já Morfeu é um carcará que perdeu parte da flexibilidade durante o tratamento.
Todos estão na fase inicial de treinamento e são acompanhados por veterinários e zootecnistas.
Da esquerda para a direita: Atenas, Morfeu e Zeus
Reprodução: EPTV
Treinos e controle
Os treinos envolvem alimentação controlada e exercícios de fortalecimento muscular. Segundo Pedro, o processo é lento e pode levar meses até que as aves estejam prontas para voos longos e, em alguns casos, para o retorno ao habitat natural.
“Nós temos animais aqui que têm plenas condições de voltar para a natureza. Depois de passar por esse processo, recuperar musculatura, capacidade de voo, capacidade de caça, eles vão voltar".
O controle de peso é rigoroso e é parte essencial do treinamento e reabilitação. O zootecnista Alexandre Gouvea, responsável pelo Bosque e pelo Cetras, afirma que cada grama faz diferença.
“Como nós estamos visando o voo, a reabilitação em voo, eu preciso que o peso seja muito adequado. Aqui nesse setor e nessas condições, cada grama é fundamental”, destaca.
O trabalho é feito em etapas. Na primeira, as aves se acostumam com os equipamentos utilizados pelos profissionais. Em seguida, aprendem a se empoleirar no braço do treinador, depois dessa fase, começam os primeiros saltos e, aos poucos, passam a realizar voos em distâncias maiores.
Os visitantes do Bosque podem acompanhar parte dos treinamentos, que são realizados ao ar livre, no meio do parque de quarta-feira a domingo, das 15h30 às 16h.
Bem-estar que educa
Além da recuperação física, o projeto tem impacto direto no bem-estar dos animais. O gavião-carijó Zé, por exemplo, ficou cego e não pode ser devolvido à natureza. Para ele, a falcoaria representou uma nova chance de vida.
"Esse indivíduo não tem a menor condição de voltar para a natureza sem a visão, portanto, eles permanecem na instituição zoológica, participando desse treinamento para ter qualidade de vida. É um animal que no recinto não conseguiria se alimentar sozinho, ele tem dignidade, tem qualidade de vida, para que a gente não precise tomar nenhuma medida mais drástica com esse indivíduo, a gente consegue mantê-lo vivo e com o atendimento necessário", afirma Pedro Favaretto.
Gavião-carijó Zé é cego e não pode ser devolvido a natureza
Reprodução: EPTV
A iniciativa também serve como ferramenta de educação ambiental e conscientização sobre a importância da preservação da fauna.
O estudante Pedro Henrique Dantas, de 10 anos, conheceu o projeto e para ele a iniciativa é uma oportunidade de cuidar e dar uma nova vida para os animais.
"Estão cuidando das aves, não deixam elas morrerem sozinhas e ainda ajuda, como aquela ali que é cega, eles estão tentando ajudar ela a voltar para a vida normal, tipo dar uns voos pequenos, comer, entre outras coisas".
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