Ex-paciente de médico preso por morte em hidrolipo diz que teve infecção generalizada e trombose após procedimento
20/09/2025
(Foto: Reprodução) Paciente diz que teve trombose e infecção após hidrolipo em 2021
Uma ex-paciente do médico José Emílio de Brito, preso pela morte de Marilha Menezes após uma hidrolipoaspiração em Campo Grande, relatou que teve trombose e infecção generalizada após realizar o mesmo procedimento em 2021.
Isabela Ribeiro Bastos Góes, de 26 anos, contou ao g1 que foi fazer os procedimentos de hidrolipo total e parcial de abdômen nos dias 12 e 19 de janeiro de 2021.
No dia 21 do mesmo mês, ela começou a sofrer muitas dores no glúteo e voltou ao consultório. José Emílio, segundo ela, passou 3 doses de antibiótico.
Após voltar ao consultório, foi orientada a fazer uma punção. Segundo Isabela, o procedimento foi realizado com a paciente em pé, sem anestesia e sem preparação.
“Sem preparação nenhuma, sem me explicar o que seria feito. Só enfiou aquela bolinha na minha bunda, uma dor horrível, e ela sugava.”
Isabela prestou depoimento na Delegacia do Consumidor, que investiga o caso de Marilha, como uma das mulheres que relataram problemas após cirurgias estéticas com o médico.
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Isabela após realizar um dos procedimentos de hidrolipo
Reprodução
Nova drenagem, infecção e trombose
No dia 31 de janeiro, 20 dias após o primeiro procedimento, Isabela voltou ao hospital onde tinha feito a primeira drenagem. Após se consultar novamente, com mais dores, foi decidido que seria feita uma 2ª drenagem. Para Isabela, foi ainda mais dolorosa:
“Foram 30 minutos drenando. Foi horrível, foi muita dor, muita dor, muita dor. Eles me deram mais de 6 injeções de anestesia. Como estava muito infeccionado, a anestesia não funcionou. Então, eu senti tudo, eu senti eles me cortando com o bisturi.”
Isabela em recuperação no hospital
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Ao retornar no hospital em outra data para fazer uma tomografia, Isabela foi colocada para fazer uma cirurgia de emergência: a infecção tinha se tornado generalizada.
Isabela sofreu com uma infecção nos glúteos, além de abcessos do lado esquerdo da perna, que a levaram a desenvolver uma trombose, causando diversos problemas de saúde posteriores.
“Eu tive infecção nos glúteos onde foi feito a enxertia, ficou com abscesso de 10cm do lado direto e do lado esquerdo tomado de abscesso. E essa infecção acabou se tornando uma infecção generalizada, e tive trombose.”
Vinte dias após a alta do hospital, Isabela descobriu que estava grávida. A mulher disse que, devido à trombose causada pelo procedimento, teve uma gravidez de alto risco.
Segundo ela, o médico e sua ajudante, identificada como Sabrina, se negaram a ajudar. Ela definiu o médico como um “monstro”, e que o período pós-cirurgia foi o pior de sua vida.
“Fiz uso de anticoagulante desde a internação até 6 semanas pós-parto”, finalizou.
Médico que fez lipo de jovem que morreu já foi condenado por homicídio e acumula processos
Médico foi preso por procedimento
Médico que conduziu cirurgia durante a qual jovem morreu é preso
Reprodução
José Emílio de Brito, responsável pela cirurgia que levou à morte de Marilha Menezes Antunes, de 28 anos, foi preso no dia 15.
O médico responde a mais de 10 processos na Justiça. Circunstâncias semelhantes já haviam provocado a morte de outra paciente em 2008, em uma casa de saúde no Jardim América. Por esse caso, José Emílio foi condenado em 2018 a 2 anos e 4 meses por homicídio culposo. A pena foi substituída por prestação de serviços e multa.
Outras ex-pacientes do médico já foram intimadas a depor. Muitas relatam constrangimento para falar, já que buscaram melhorar a autoestima e acabaram com marcas e sequelas.
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Documento com renúncia a reclamações
Documento que Isabela disse que foi coagida a assinar renunciando de reclamações futuras
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Devido aos problemas que sofreu, Isabela pediu ao médico José Emílio o dinheiro de volta. Após todos os procedimentos, Isabela disse que foi coagida pelo médico e sua assistente a assinar um documento em que renunciava a qualquer reclamação sobre o caso.
“Eu tive alta, e ele me fez assinar um documento. O documento me coage, dizendo que eu renunciava todo o meu direito de fazer uma queixa dele, de entrar na Justiça para poder denunciar o que estava acontecendo”, disse ela.
“Eu quero que esse homem apodreça atrás das grades porque o trauma que ele trouxe para minha vida foi muito grande, para minha vida, para da minha família, para os meus filhos que eram pequenos”.
Procurada, a defesa de José Emílio disse que não pode se manifestar sobre o depoimento porque não teve acesso ao inquérito.